sábado, 30 de maio de 2009

O Depósito

Seção Casos Relevantes enviado pela cronista Lorena Fields, da sucursal Lima – fração Peru da Unidade.

Horácio pegou o canhoto da ficha de controle da mão da mulher. O coração disparado. Sua presença ali era o que mais desejara nas últimas 24 horas. O tempo se arrastara. Sabia que não seria necessário buscar seu objeto, o verso do canhoto entregue por ela no dia anterior continha uma mensagem curta e direta:

Se seu desejo é mesmo como diz,

acene com a cabeça.

Se o fizer, amanhã digo quando e onde.

Caso contrário, não tornarei a vê-lo.

Blue

Ele mal acreditou no que lera na véspera; seus joelhos bateram-se; ela olhava-o da porta, aguardando. Ele meneou a cabeça, timidamente; depois balançou mais forte, seu cabelo agitou-se. Ruborizou! Ela sorriu.

Como se fora ontem lembrou a primeira vez em que viu Blue.

Uma manhã de verão. Dois meses antes, Janeiro de 3463.

Um rosto novo. Logo que a viu seus pelos se eriçaram. Ficou preso à sua aparição. Não podia, não conseguia parar de pensar nela. Coisa bastante incomum para ele.

Graças ao Interclick – o guia de informação convencional – Horácio localizara seu endereço. Por ele se fala, vê e sente, qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, como diz o belo comercial do Órgão, nosso controlador planetário. Depois daquele dia, impelido por desejos imperiosos passou a lhe enviar mensagens. Eram filmetes holográficos com sensação de concretude – claro – em que lia poemas para ela e lhe permitia vê-lo na intimidade de seu quarto. Ele se espantou consigo mesmo, com a própria coragem, com a ousadia atrevida depois de dezenas de anos de reclusão. Após o fim humilhante de seu último casamento havia prometido a si mesmo não voltar a se envolver com mais ninguém.

Blue era muito mais que ninguém. Pois assim lhe pareceu.

Agora ela lhe trazia uma resposta.

Ela devia ter uns sessenta e poucos anos – uma moça, pode-se dizer – os cabelos castanhos volumosos, sedosos, presos no topo da cabeça por um gancho verde-limão em espiral. Alguns fios encaracolados descendo soltos pelo pescoço frágil, a pele lisa, macia. Seu rosto branco como porcelana revelando olhos negros, expressivos, quase tristes. Este era um de seus mistérios: por que transmitia essa melancolia? Sua boca era fina e seca, o nariz pequeno, tudo nela era frágil. Talvez isto tenha demolido o muro de pedras que ele erguera e o mantinha em segurança, separando-o das pessoas. Ou então, quem sabe?, sua voz rouca, aveludada, a boca pequena e os dentes perfeitos, um sorriso esplêndido. Ou tudo isso e mais o corpo especialmente esguio, flexível, elástico, que ela mostrava sem perceber o efeito devastador que lhe causava.

Como sempre, as pessoas iam diariamente ali. Por serem tantos os guichês, mais de oitocentos, de vez em quando aparecia alguém que ele não conhecia, afinal Fortaleza é uma cidade de cerca de novecentos mil habitantes. A maioria, obviamente, estava feliz ao sair; seus sorrisos e expressões demonstravam, sem sombras de dúvida, que era muito prazeroso estar com os seus melhores momentos. O Depósito permite que a vida seja percebida através de uma perspectiva especial, muito longa, que se perde nos séculos. Assim, vista desta forma, a vida tem um sentido. O sentido é dado pelo esforço, carinho e alegria de existir, por cada um daqueles que nos precederam. E como agora podemos ver, conversar e sentir fisicamente até cerca de vinte gerações anteriores, à medida que o tempo passa o sentido torna-se cada vez mais forte.

O que seria nosso mundo se não pudéssemos conviver com nossos antepassados?, tudo bem, virtuais, mas se hoje o virtual é quase tão real quanto a própria realidade... As características pessoais de cada indivíduo preservadas na memória do Registro possibilitam essa interatividade com nossos entes queridos, quando e como desejamos; o que, com certeza, faz de nossa época a melhor possível para se viver. Só para relembrar: milênios atrás o existencialismo – uma corrente filosófica antiga – questionava o porquê da existência, da vida; era de um tempo em que os seres humanos não sabiam ao certo nem quem eram os pais de seus avós!

Sério!

Como se podia viver assim?

Fico até arrepiada!

Por isso, dizem, tantos se matavam; chamavam este ato extremo (compreensível)

de suicídio! Atualmente não passa mais pela cabeça de ninguém viver sem sentido ou morrer por insatisfação.

Como deve ter sido duro àquela gente sobreviver, existir!

Bravos antepassados!

Sem a perspectiva e a convivência virtual de seus predecessores!

Inimaginável.

Hoje, graças à ciência, vivemos com uma expectativa de vida ativa e saudável que beira a eternidade. Significa, como todos sabem, ter condições físicas e mentais de um indivíduo jovem aos cento e noventa. Aos duzentos e cinquenta se chega atualmente com a potência de um ser maduro, digamos assim. O envelhecimento foi esplendidamente empurrado pra frente, aumentando a longevidade e a qualidade de vida. A morte, planejada com antecedência, normalmente por se estar satisfeito pelo tempo de vivência neste ou em outros planetas, é a grande festa de despedida que acontece quando se quer. Dizem que já existem pessoas que vivem há novecentos anos e que em breve seremos eternos. Nada nos impedirá de fazê-lo a não ser o bom senso: chega uma hora em que ficamos “cansados” da vida e entramos pra virtualidade. Enfim, atualmente, cada um vive, morre e se virtualiza como gosta, isto é o que realmente tem valor. Nosso livre arbítrio.

Nos anos 2000, pouco antes do início da atual era glacial, as pessoas ainda viviam desunidas, em países; numa espécie – hoje incompreensível – de divisão étnica. Os humanos brigavam entre si! Havia muitas guerras, aqui e ali; povos na miséria absoluta, sem alimento, abrigo, educação, nada! Como conseguiram sobreviver? Muitas línguas diferentes, diversos credos; tudo, obviamente, derivava da ignorância, da falta de uma percepção clara das vantagens evidentes da união. Infelizmente isto não era tão óbvio para a maioria naquela época; muito embora os mais sensíveis e inteligentes já sonhassem com isso. O clássico milenar Imagine – de John Lennon – é prova indefectível disto.

No entanto, a mais importante de todas as revoluções – ou mudanças – foi, indiscutivelmente, a Ateísta; quando o bom senso prevaleceu e, num determinado momento, ficou inapelavelmente óbvio a falta de conteúdo real das velhas religiões e superstições, resultando no fim súbito – no início do século XXII – de inúmeros e perversos conflitos decorrentes da doutrinação das pessoas, ignorantes da realidade – uma verdadeira lavagem cerebral –, engambelados através de contos de fadas mal intencionados abarrotados com promessas e culpas, deuses e demônios, adorados pelas multidões desesperadas e mortificadas pela angústia de sentir o tempo lhes devastando o corpo rapidamente; sem controle: uma vida sem sentido aparente! Com a promessa aos humildes, obedientes – que contribuíssem com dinheiro, ou muito sacrifício –, de uma vida eterna após a morte! Isso mesmo!

A vida (sem ser virtual!) depois da morte! Pode?!

Com o fim da Era das Religiões (História Moderna do Ensino Fundamental), como ficou conhecido este período obscuro – 6000 anos antes de Cristo a 2125 depois de Cristo –, o mundo se uniu. O cristianismo, o islã, o budismo, as religiões e seus templos caíram no esquecimento, posto que, como todos sabem, eram os locais onde aconteciam os rituais em que se louvavam os mitos no qual se lastreavam as consciências atormentadas e perdidas pela falta de sentido da vida; uma espécie de tábua de salvação para mentes náufragas, isoladas e neuróticas; assustadas pelo envelhecimento impiedoso irrefreável e a consequente decrepitude acelerada, a fome, a desunião e as guerras sem fim que assolavam a humanidade.

A velhice, como era chamado esse período terminal precoce, que começava logo após os cinquenta e terminava já por volta dos noventa – quando muito! – era particularmente cruel e implacável. Alucinava as pessoas...

Só de imaginar estar velho aos noventa!...

Captaram meus jovens?!... Dá-me um frio na barriga!

Como eles conseguiram viver assim?

Lógico que guerras sem sentido (menos para a indústria bélica – como eram cruéis!) e regimes totalitários onde se misturava religião e política eram banalidades, pois existiam governos próprios!, eram muitos os países independentes! que mantinham o povo qual rebanho, sem educação adequada: dançando a música macabra que tocassem.

Que absurdo! Graças ao bom senso estas atrocidades são páginas viradas de um passado remoto.

Só quando a humanidade se uniu esses tormentos terminaram. Assim, há cerca de um milênio, começou o que chamamos tempos de união. Hoje dizemos apenas: a Unidade.

Nossa maior segurança meus queridos, como sabemos, é a Unidade.

Horácio já deixara de se comover e envolver com emoções alheias há muito tempo. Trabalhava como recepcionista no Depósito desde os oitenta anos. A vida longa permite que erros sejam corrigidos; se não, pelo menos, a lição aprendida. A medicina moderna resolve todos os problemas físicos ou mentais. A palavra doença perdeu o sentido. Hoje só a usamos no sentido lúdico ou metafórico: estou doente de amor...; essa música me enlouquece...

Lá fora a nevasca diminuíra e alguns raios de sol apareciam nas copas dos pinheiros recobertos por um cintilante manto branco. Só mesmo uma louca para enfrentar um tempo destes para ir ali. “Isso mesmo”, pensou ansioso, louca de paixão. “Como eu, um homem maduro, com cento e setenta e sete anos, na flor da idade, atlético, musculoso, uns poucos fios grisalhos, que por tantas e boas já passei; me pego como na adolescência dos sessenta: descobrindo, ou melhor, redescobrindo a vida plena”. Voltou a sentir uma vibração no peito, um umedecimento de pele, a batida sentida no coração, tum! tum! tum!

O fator humano fora preservado ali no Depósito – como de sorte também ocorre em muitos outros postos de trabalho em empresas públicas por todo sistema interplanetário. Só não é tudo automatizado, controlado por robôs, porque é muito mais simpático ser atendido pessoalmente. Os robôs, mesmo com toda evolução tecnológica, são incapazes (ainda) de perceber certas sutilezas no olhar, o estado psíquico dos humanos. São máquinas, de qualquer forma. Alem disto, e o mais importante é que as pessoas gostam de ter um trabalho, uma função; por isso vários serviços utilizam indivíduos, unindo o útil ao agradável.

Pelo nome, deduziu que se tratava de uma descendente dos Hamptonshinkys, um clã oriundo de várias partes do mundo pré-unidade, com raízes que se espalhavam pelas antigas Américas, Europa, África e Ásia.

Srta Mary Blue Hamptonshinky Soma Palhares Otonaki Jabuticaba Delon; ou

srta. Blue, como pediu que a chamasse.

Apesar do longo tempo de serviço, poucas vezes uma usuária lhe chamara tanto a atenção. Não foi certamente o fato de que seus ancestrais eram oriundos da maioria dos países separados por fronteiras, da ordem antiga. Não, com certeza; foi então talvez seu porte frágil, sua pele claríssima, gestos recolhidos, o olhar introspectivo na tangente do rosto oblíquo. Ou, simplesmente, tudo nela era especial! Isso! Era o que sentia! Lembrou-se então (e surpreendeu-se inseguro e ansioso), que a última vez em que sentira isso tinha somente 84 anos; foi quando conheceu Monicale. Tratou de mudar seus pensamentos. O passado emaranhado sempre ao presente. Sim, porque hoje podemos recuperar as cenas e as sensações, revivê-las. Assim, podemos também afirmar que não é de se estranhar que muitos indivíduos – temos que ter bom senso – acabem entregando-se a elas e passem muitos anos revivendo sensações especiais. Se por um lado é delicioso, por outro causa dependência. O saudável é usar o Depósito duas a três vezes por semana; mais do que isso já começa a bloquear as oportunidades que passam e não são percebidas. A vida real, prezados leitores, é melhor, ainda, mesmo que com algumas vicissitudes...

Pegou, com a mão úmida, emocionado, o canhoto e olhou; sabia de cor o número com as coordenadas de localização de seu objeto. Virou-o e leu:

Hoje, 21:00hs, av. Delfim Moreira, 632, apto 404 – Leblon - Rio de Janeiro, nesta mesma seção da unidade.

Blue

Ao pegar nervosamente o pedaço de latelix – um cartão de fibras sintéticas – seus dedos se tocaram de leve, o suficiente para que ambos sentissem um formigamento em seus corpos. Reações físico-químicas involuntárias, porem bastante aprazíveis. Ela caminhou até a porta do Depósito, parou, virou-se e lançou um sorriso. Ele retribuiu. Como era belo vê-la contra a luz intensa do branco da neve que recobria a paisagem externa, os pinheiros em volta do enorme prédio do Depósito e por toda a cidade.

Suas pernas longas protegidas por um tecido roxo colado ao corpo magro, um tanto esquálido, mas quão gracioso! Gostava de suas atitudes. Fora ali pessoalmente. Era bom vê-la e sentir sua presença real. E pensar que estariam juntos em breve..., naquela mesma noite...

Guardou o canhoto de Blue no bolso, enternecido, e pegou outro canhoto na mão de um homem aparentando muita juventude, vestindo um colante preto fosco. O seguinte na fila.

– Que vontade hem? Enfrentar um tempo destes! – Disse Horácio, tentando se recuperar da emoção provocada pela mensagem.

– Hoje é aniversário de um parente dezoito (N.R.: dezoito gerações atrás) por parte de mãe. Não poderia faltar. Com roupas autoclimatizadas não me importo com temperaturas externas, faz bem caminhar ao ar livre.

– Claro Proco, desculpe a brincadeira. – disse sorrindo – Como anda sua vida?

– Bem, graças ao bom senso, Horácio, e você? – Ele percebeu o sorriso malicioso a lhe inquirir. Não se incomodou, conhecia Proco há anos, eram amigos de longa data. Brincaram na mesma área de lazer quando crianças.

– Não é nada disso – disse, enquanto digitava os dados no processador –, somente uma nova amiga.

– Tá bom..., se pensa que engana alguém. Hum... – Os poucos na fila notaram a troca ardente de olhares entre a moça e o atendente.

O processador acionou o sistema de busca e, em dois minutos, o objeto era localizado no imenso corredor; um dos milhares naquele prédio de dois quilômetros de extensão por um e meio de largura, com trezentos metros de pé direito, todo em fibra de carbono, o material mais abundante no planeta. Os transportadores automatizados retiraram o objeto do seu local nas intermináveis fileiras de prateleiras que se sucediam lado a lado, armazenando um total de cerca de 900 mil objetos.

Logo que seu objeto foi posicionado Proco piscou o olho e dirigiu-se ao interior. Ao entrar no cômodo, o conhecido cubo de oito metros de lado, sentiu a sensação maravilhosa de poder estar ali. Sentou-se na poltrona reclinável e, no ar climatizado, ouviu a porta se fechar. Foi saudado com os abraços calorosos e beijos de sempre. Na virtualidade do objeto várias gerações se reencontravam para celebrar a vida. Que festa!

Horácio passou ao próximo. De cada lado que se olhasse se veria quatrocentos guichês que se emparelhavam, com filas maiores ou menores, dispersas. Como nevava muito algumas horas atrás, poucas pessoas – comparativamente com os dias de tempo firme e céu azul – aguardavam nas filas. Seus pensamentos ali não estavam. Blue ocupava cada neurônio existente em sua mente.

Passou a mão no canhoto de Blue sobre o peito dentro do bolso no colante azul marinho – o reluzente uniforme dos operários do Depósito.

Nove horas! No belo e lendário Leblon! Uma das raridades que souberam valorizar e preservar através dos tempos. Como era bom sentir o clima de um local como aquele! Alguns imóveis, assim como belos edifícios de apartamentos, lindas casas, restaurantes, teatros, shoppings e cinemas ainda mantinham as mesmas características físicas de mais de um milênio atrás. Um maravilhoso museu a céu aberto!

Bastaria pegar o condutor – em menos de vinte minutos cobriria os dois mil e trezentos quilômetros – e logo estaria vendo a neve cair sobre as montanhas Cagarras ao lado de Blue, no apartamento – que, conforme ela me explicou mais tarde, vinha de um ancestral da linhagem dos Palhares – situado num milenar edifício no Leblon, bairro do sofisticado e turístico Rio de Janeiro; um local que milhares de anos antes beirava o mar, e agora havia se tornado aquela aprazível cidade serrana, quilômetros acima das praias geladas. Como todos sabem, os oceanos deram uma encolhida devido ao aumento das geleiras – decorrentes do início desta era glacial, há cerca de 1.200 anos, deixando a mostra enormes regiões descobertas, transformadas nos séculos seguintes em novos bairros e parques de lazer. (N.R.: recomendação especial aos casais em lua-de-mel)

Tinha de admitir: Blue soubera escolher um local perfeito para uma primeira vez.

Depois de dois meses emocionantes, nos quais seu agitado coração parecia um canguru virtual em fuga pelas pradarias nevadas da seção Austrália da Unidade, foram dissipados os sentimentos tímidos de ambos. – Céus! Como fora difícil! – Mal podia acreditar que conseguira, quase sem gaguejar, dizer palavras tão agarradas às cordas vocais que foi preciso um esforço de guindaste para colocá-las boca afora! E depois que terminara o vídeo?, a insegurança entre enviá-lo ou não. E se ela não correspondesse? Seria somente imaginação sua?

Oh! Como é boa e instigante, e mesmo assustadora, a vida real! Quanta emoção!

Quanto sofrimento! Quanto prazer!

Mas agora, o gelo se quebrara.

Enquanto a temperatura externa beirava dez graus negativos seu corpo fervilhava na cabina refrigerada e confortável do condutor – flutuando suavemente nos magnetos do trilho – cortando vales, oceanos e florestas, à velocidade média de quatro mil quilômetros por hora – antevendo o encontro tão almejado.

Nota da redatora: os nomes das pessoas acima são fictícios, para preservar a privacidade deste casal adorável que conheci em recente passagem por Fortaleza, belíssima cidade no nordeste da fração Brasil da Unidade.

Lorena Fields, 11 de agosto de 3465.

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